Eu me considero uma pessoa de muita sorte. Sempre encontro pessoas que me ajudam a corrigir o curso quando esse barquinho parece estar fora da rota.
Eu andava meio cabisbaixa sabe...preocupada com que rumo dar à minha fotografia, preocupada com meu futuro financero, mas sobretudo preocupada em como dar um sentido à todos esses conceitos e pensamentos que vivem dentro de mim.
Há um ano e meio atrás eu estava exatamente assim e o Marcio, meu então professor de ginástica, hoje Treinador de Ketllebell e amigo querido, me sugeriu a fotografia, sendo ele mesmo fotógrafo amador (amador = aquele que faz por amor). Fez-se a Luz dentro de mim e com ela o fim de uma vida robotizada, sem propósito, sem expressão.
Bem, o período da paixão foi bom mas logo passou. Ficou algo mais forte, mais verdadeiro e com esse novo sentimento a certeza de não querer fazer a minha fotografia nos moldes atuais, de não querer ajudar a influenciar uma sociedade baseada no consumo de mentiras, de que fotografia era mais, muito mais... tinha que ser! E sobretudo a certeza de que seria muito difícil me sustentar nesses padrões.
Dai que eu andava triste, tristinha de novo...até que a luz de novo brilhou em mim e foi a Carla, fotógrafa, educadora e acho que posso chamá-la de amiga sim se ela concordar, quem me acendeu o farol dessa vez.
Eu queria muito dar aulas, eu gosto muito de ensinar. Eu não tenho filhos mas eu tenho mil teorias sobre educação. E adoro Rudolph Steiner e a Antroposofia. Eu sempre acreditei que é de pequeno que se torce o pepino (endireita?). Seríamos uma sociedade mais equilibrada se nossas crianças tivessem Educação.
Conclusão: vou fazer pedagogia e aliar a educação à fotografia.
Pronto! Tudo resolvido. A sensação que eu tenho é de que se abriram as comportas dentro de mim e eu agora sou um rio que flui sem fim....
Simples né...nem tanto. Doloroso demais esse processo. Mas muita gente sabe que o que mais vale é o caminho, não o destino. Então, coloco aqui um trecho de um texto que a Carla me mandou que me fez lembrar de mim ontem; porque hoje já tudo mudou, de novo, e uma imagem minha, para ilustrar esse momento:
Obs: não posso deixar de agradecer aos meus amigos, família, companheiro e meu cachorro também, que suportam a anos esse fluxo e refluxo dentro de mim.
"A experiência, a possibilidade de que algo nos passe ou nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, de...morar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço."
(LARROSA BONDIA, J. 2004,p160)
http://treinadormarciofontana.blogspot.com
http://carlazavatierifotografia.blogspot.com/
Postagens
